quinta-feira, 24 de maio de 2018

"O problema da paz é um problema de fundo: a paz é o bem absoluto , a condição necessária para a efetivação de todos os outros valores ."

Norberto Bobbio. Em autobiografia



quarta-feira, 23 de maio de 2018

ERRO


De Machado de Assis,



Erro é teu. Amei-te um dia
Com esse amor passageiro
Que nasce na fantasia
E não chega ao coração;
Nem foi amor, foi apenas
Uma ligeira impressão;
Um querer indiferente,
Em tua presença, vivo,
Morto, se estavas ausente,
E se ora me vês esquivo,
Se, como outrora, não vês
Meus incensos de poeta
Ir eu queimar a teus pés,
É que, como obra de um dia,
Passou-me essa fantasia.

Para eu amar-te devias
Outra ser e não como eras.
Tuas frívolas quimeras,
Teu vão amor de ti mesma,
Essa pêndula gelada
Que chamavas coração,
Eram bem fracos liames
Para que a alma enamorada
Me conseguissem prender;
Foram baldados tentames,
Saiu contra ti o azar,
E embora pouca, perdeste
A glória de me arrastar
Ao teu carro... Vãs quimeras!
Para eu amar-te devias
Outra ser e não como eras...


Entre u'a novela e outra.Pausa para o comercial telejornal.no mercado do entretenimento a noticia é show.mercadoria embalada a ouro de tolos alimentando de pedras de luz a angustia de mergulhar no vazio;alugando o tempo à névoa densa da ideologia onde a reflexão não encontra os próprios pés e segue informa(ta)da,fidelizada manada de consumidores tocada pelos apelos do carisma do olho luminoso da tele-visão, do galã e da mocinha.O IBOPE atesta a audiência da hipnótica força do dogma do verossímil travestido de verdade, na máscara do sorriso fácil ou da calculada expressão de seriedade .Seguimos contudo a desligar a caixa de ilusões e procuramos aquela edição do Hommo Videns de Giuseppe Sartori e caímos a larga na Sociedade do espetáculo mais uma vez .
Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, 22 de maio de 2018

EUA-COREIA DO NORTE



Helio Fernandes
Toda a realidade pode ser resumida em tres palavras. Desencontro, quando o ditador se apresentou ao mundo, como potencia nuclear, praticamente no ultimo estagio. Voltado diretamente contra os EUA, que respondeu com a mesma violencia. Por exemplo:" A Coreia do Norte vai desaparecer do mapa, se continuar". Mas ela continuou.

O mundo ficou assombrado com o progresso nuclear da Coreia do Norte, pois este era um dos paises mais pobres do mundo. Dois terços da população morrem de fome. O estágio nuclear que ela atingiu, é o mais caro do mundo. A suposição era de ajuda da China, que negou terminantemente.

A segunda palavra, também inesperada é encontro. Aproveitando a Olimpiada de Inverno da Coreia do Sul, o ditador da Coreia do Norte, fez um movimento vibrante de reaproximação. Desse movimento, surgiu a idéia do encontro com Trump, que o aceitou imediatamente. Parecia tudo contornado, o encontro marcado para Cingapura para 12 de junho.

Como sempre, inesperadamente, ressurge a primeira palavra desencontro. As duas Coreias tinham um encontro importante para ontem, quarta feira, que ineperadamente foi desmarcado por Kim Jong-un. A impressão geral dos mais diversos analista, que o encontro de 12 de junho está ameaçado e pode até ser suprimido.

Também surpreendentemente, Trump reagiu civilizadamente, o que não é normal dele, e está esperando a confirmaçao do encontro. E o mundo inteiro, dependendo desse acerto Kim Jong-un e Trump se realize ou seja desmarcado.

Já que estamos falando de politica internacional, examinemos rapidamente a decisão da insignificante Guatemala. Inaugurou ontem a sua Embaixada em Jeruzalem. Nenhuma importancia, apenas a subserviencia do país, à potência Estados Unidos.


DOLAR AMERICANO, MOEDA OFICIAL DE TROCA NO MUNDO, DESDE 1942



Helio Fernandes

Estão todos preocupados com a devastadora alta do dolar. E não apenas os emergentes, até mesmo paises de economia consolidada e que poderiam resistir, não fosse a traição ao mundo, perpetrada em Bretton Woodes (EUA)em 1942 .Estavamos no meio da Segunda Guerra mundial, caminhando francamente para a vitoria dos aliados.(EUA,Grâ Bretanha, União Sovietica).

Em 1943, em Estalingrado, os exercitos vermelhos destruiram, demoliram ou aprisionaram as famosa"Bunder Diviiones", começava o fim da convicção do Reich dos mil anos. Não sobrou nada no leste europeu.

No centro da Europa, a maior invasão do seculo, chamada de "Segunda frente". No final desse1943, inicio de 1944, as tropas comandadas pelo general Eisenhower(presiidente em 1952), terminavam a destruição consumada no leste em 1943.A guerra terminaria com a ocupação de Berlim em 8 de maio de 1945.

Mas para os EUA, isso é o que lutavam para que acontecesse. Desde 1942, cuidavam da parte economica e financeira. Na reunião de Bretton Woods, o grande objetivo era implantar a moeda que seria a base de todas as transações financeiras. 38 paises foram convidados, inclusive o Brasil, que enviou o jovem diplomata Roberto Campos, que fez carreira como "americanofilo".A Inglaterra mandou seu maior economista, que levava o nome da nova moeda, que ae chamaria Bancor.

Mas os EUA tinham seus proprios planos: fazer do dolar a moeda oficial de troca. Conseguiu e até hoje o dolar é uma potencia, construtiva e destrutiva.Contou com apoio de Churchill, quando Roosevelt lhe disse, que sem isso " seria dificil conter a União Sovietica". OS EUA ficaram com esse dolar sem lastro e falsificado, que foi a base do famoso Plano Marshall, o general quu comandou a guerra, e de quem Eisenhower foi assistente.

PS- A primeira remessa de dolares falsos que chegou á Europa, foi de 250 BILHÔES.
PS2- As remesas foram chegando, financiaram até a GUERRA FRIA.

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A MAIOR INCOGNITA DA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL DA REPUBLICA



HelioFernandes
Impossivel qualquer comentario não arriscado e improvavel para a eleição de outubro.Como analisar um quadro eleitoral que tem a participação de Temer e Meirelles e a ausencia de Lula? Por enquanto, qualquer analie sairá da fusão desses fatos,presença e ausencia.
No momento, ascenção em numeros, apenas de Ciro e Marina, para o segundo turno.
Outra disputa acirrada de Alckmin e Bolsonaro, pelo terceiro turno, mas eles não estão sozinhos.

Diante de tanta incerteza, a segunda frustração consequente de FHC.Conforme informei na epoca, ele e Aecio tinham um acordo.Eleito presidente, Aecio nomearia FHC embaixador na ONU.FHC estava com 83 anos, o que não invalidaria a nomeação.
Agora com 87, FHC esperava fechar o mesmo acordo com o ex-governador de SP.

A idade continua não sendo impecilho e sim a fragilidade eleitoral do parceiro.
PS- Em 2022, o proprio FHC deverá reconhecer, que com 91 anos,é exagero.


A REVIRAVOLTA DA MONARQUIA INGLESA



Helio Fernandes
Trocou a tradição pela realidade verdadeira e a popularidade. E o mundo reagiu com alegria, satisfação, vibração, aplauso. Segundo dados oficiais, 750 milhões de pessoas acompanharam o casamento. Como o planeta está chegando a 7 bilhões e 200 milhões de habitantes, significa que 12% da população do mundo assistiu o casamento. Foi a sensação e a atração do sábado.
A Inglaterra inteira se curvou á decisão de fazer todas as concessões, nenhuma intransigência negativa. Para mim que acompanhei tudo, dois pontos precisam ser ressalvados, os dois em Windsor. Primeiro, a indescritível beleza da igreja, onde já se realizaram 15 casamentos Reais. Acredito que nenhum igual ao de sábado, com a emoção e o sentido de renovação.
Depois, 40 minutos nas ruas, povo e nobreza confraternizando lindamente. Mais tarde, só o almoço.
PS- Não haverá "lua de mel" agora. Marcada uma festa familiar, não podem faltar. Precisam esperar 30 dias.

O futebol é o cano de escape de uma população como a nossa!


O futebol é o cano de escape de uma população como a nossa! A sua futilidade é mais importante que a austeridade política que não geram mudanças. O futebol é poesia de entonação popular e os poetas do futebol se vangloriam de entoar seus cânticos aos ventos. Talvez nenhuma outra instituição social seja mais hegemônica, mais orgânica, mais sensível aos olhos dos outros, que o futebol, não é simplesmente um jogo, é uma linguagem universal!
Segundo o escritor uruguaio Eduardo Galeano,
"É raro o torcedor que diz: “Meu time joga hoje”. Sempre diz: “Nós jogamos hoje”. Este jogador número doze sabe muito bem que é ele quem sopra os ventos de fervor que empurram a bola quando ela dorme, do mesmo jeito que os outros onze jogadores sabem que jogar sem torcida é como dançar sem música".
A todos nós, que vemos o futebol com o olhar romântico do torcedor, onde o plural é nossa maior identidade!


Luiz Demétrio Janz Laibida

terça-feira, 15 de maio de 2018

Pensar o governo do Paraná como um comitê executivo da burguesia seria muito sofisticado


Pensar o governo do Paraná como um comitê executivo da burguesia seria muito sofisticado e moderno para o que existe. Trata-se mais de um comitê eleitoral da família governamental de plantão à espera do próximo pleito. Muitos associam o atual festival de denúncias e gravações contra o ex-governador como uma movimentação do primeiro-cavalheiro, ou primeiro-damo, exigindo para si e sua família a cobiçada vaga de senador antes supostamente destinada ao anterior. A lei férrea do nepotismo indica que somente uma única família ocupa integralmente o executivo a cada vez e reina sozinha, sem consortes ou nepotes anteriores.

Ricardo Costa de Oliveira

Como você conseguiu o seu primeiro emprego ? Quem o indicou (QI)?


A tarefa da sociologia em desconstruir a ideologia ingênua da meritocracia e revelar conexões familiares e interesses de classe sempre desmascara e desoculta as ideologias oficiais dos poderosos de plantão. Sérgio Moro foi indicado pelo ex-reitor da Universidade de Maringá, Neumar Adélio Godoy, para um dos primeiros empregos em escritório de advocacia de direito tributário com Irivaldo de Souza, um dos principais na região de Maringá e bastante envolvido com a política local. Neumar Godoy já apresentava conexões familiares e pessoais com os pais de Sérgio Moro, Dalton e Odete, de acordo com várias fontes. Neumar Godoy pode ter sido considerado um reitor no campo da direita e mesmo no autoritarismo do final da ditadura. Em 1981 ocorreu um episódio afastando universitários do DCE e o Deputado Federal, Heitor Furtado, solicitou a destituição do reitor da UEM. Neumar Godoy também foi posteriormente secretário municipal de Sílvio Barros o II. Muitas famílias do poder político, no legislativo e no judiciário, sempre tentam ocultar decisivas conexões profissionais e mesmo formas de nepotismos e indicações políticas, sob a ideologia da meritocracia e de “pretensas origens simples e muito trabalho”, mecanismos que os poderosos usam e abusam e que os periféricos e subalternos não conseguem acesso quando procuram empregos e cargos. O livro clássico do sociólogo Mark Granovetter - Getting A Job: A Study of Contacts and Careers já demonstra que para se obter um “bom” emprego não basta o que um candidato conhece, mas quem o candidato conhece ! O famoso network ou QI !



Ricardo Costa de Oliveira

grande anarquia e descontrole nas áreas da segurança e militar.


Uma das consequências mais nefastas para o Brasil com o golpe é a grande anarquia e descontrole nas áreas da segurança e militar. O gesto de delegado da polícia federal, candidato de um partido político derrotado nas últimas eleições, ao querer destruir os equipamentos de som de manifestação e cometer um crime na frente da mesma polícia, sem advertência e prisão em flagrante, revela o pior momento das forças de segurança desde o final da ditadura, quando a péssima imagem das instituições desmoralizava totalmente seus ocupantes. No mesmo dia uma revista sensacionalista e de fake news apresentava supostas informações de dentro da prisão política de Lula na mesma polícia federal. A revista veja foi desmentida em nota oficial e como sempre não acontecem consequências destes atos ilegais e mentirosos. Um general da ativa que comenta medidas políticas do STF no twitter se afasta do regimento disciplinar e da Constituição. Militares de pijama radicais de extrema direita, sem maior cultura e sem votos, também não ajudam na imagem democrática do setor. Como o crime é o social pela culatra, a grave crise social depois de dois anos de desgoverno golpista mais uma vez revelou um grande número de policiais mortos na semana. No Rio de Janeiro, ainda sob intervenção federal militar fracassada, o assassinato de um capitão da pm foi o 40° do ano, com o fechamento de várias vias e linhas de transporte, com várias outras mortes sucedendo na Cidade de Deus. No Brasil inteiro o número de policiais mortos cresce assustadoramente e o de civis também, como em Belém do Pará, com dezenas de chacinados nas periferias. A grave crise social e a grave crise na segurança pública só serão revertidas com o restabelecimento da plena legitimidade e autoridade democráticas e pelo respeito das hierarquias legais derivadas somente do poder soberano do voto emanado diretamente do povo brasileiro. Fora isso só piora.

Ricardo Costa de Oliveira

1942: Genocídio dos judeus poloneses



No dia 17 de março de 1942, começou a Operação Reinhard, que levou ao assassinato de mais de 2 milhões de judeus.



O projeto de genocídio foi comandado pelo líder da SS e chefe da polícia de Liubliana, Odilo Globocnik. Tanto ele como o seu grande número de colaboradores eram austríacos. Nos três grandes centros de aniquilamento com câmaras de gás (Belzec, Sobibor e Treblinka), foram executados mais de 1,5 milhão de judeus e 50 mil ciganos entre março de 1942 e novembro de 1943. Ao todo, a operação levou à morte de mais de 2 milhões de judeus.

Os preparativos para a operação já haviam começado no final do ano de 1941, mas somente em meados de 1942 ela recebeu o nome de Reinhard Heydrich, que morreu num atentado em junho deste ano. Seu objetivo: o genocídio sistemático dos judeus poloneses e o confisco de seus bens.

Construção de campos de extermínio

O general Himmler havia encarregado Globocnik e outros cem homens de implementarem a operação (o grupo já havia participado das mortes por eutanásia na Alemanha nazista). No âmbito da operação, foram construídos três campos de extermínio: Belzec, Sobibor e Treblinka. A cada dia, os campos de extermínio recebiam um trem com 60 vagões lotados de passageiros destinados às câmaras de gás.

Os alemães abusavam da brutalidade: idosos, doentes e crianças geralmente já eram executados a tiros diretamente nos guetos. Os judeus iam direto para as câmaras da morte. Os três campos usavam monóxido de carbono, que matava em 20 minutos. Da chegada do trem até a completa remoção dos cadáveres, demorava de 60 a 90 minutos.

Os corpos eram depositados em enormes valas. Somente um ano depois, quando começaram a ser removidos os vestígios dos assassinatos, é que os cadáveres foram exumados e queimados. A Operação Reinhard foi encerrada em novembro de 1943, com um saldo de mais de 2 milhões de judeus mortos.

Autoria Rachel Gessat (rw)

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1916: Ministro da Guerra ordena censo entre judeus no Exército alemão



No dia 11 de outubro de 1916, o ministro alemão da Guerra ordenou um censo entre judeus nas Forças Armadas, para comprovar se eles combatiam na frente de batalha ou se utilizavam suas influências para escapar do combate.


"Que significa essa besteira? Querem nos degradar para soldados de segunda categoria, nos ridicularizar perante todo o Exército? E isso quando arriscamos a vida pelo nosso país."

O que provocara a indignação do terceiro sargento Julius Marx, em outubro de 1916, foi uma determinação do Ministério da Guerra. A ordem intitulava-se, em linguagem burocrática: "Constatação dos judeus que prestam serviço militar obrigatório no Exército".

Pressão lobista

Oficialmente, o cadastramento serviria para "investigar as queixas apresentadas com frequência ao Ministério da Guerra sobre o tratamento privilegiado dado aos judeus na liberação do serviço militar obrigatório, e para poder combater eventualmente tais ocorrências". Na realidade, o Ministério da Guerra cedera à pressão de um lobby poderoso, e aos próprios preconceitos antissemitas.

No início da guerra, tudo parecia indicar que o entusiasmo nacionalista, que tomara conta de todas as camadas sociais e partidos, levaria a uma união do povo. As tensões políticas internas foram esquecidas, o SPD (Partido Social Democrata) abandonou sua ideologia internacionalista em favor da paz interna, e também as organizações judaicas conclamaram seus membros a "pôr suas forças à disposição da pátria, acima da medida obrigatória".

Foram exatamente os social-democratas e os alemães de fé judaica a se alistarem voluntariamente em grande número no Exército, para provar seu patriotismo. Muitos judeus esperavam ser reconhecidos finalmente como cidadãos emancipados da Alemanha imperial, através de seu engajamento militar.

Breve ilusão igualitária

Tais esperanças pareciam de fato justificadas, pois pela primeira vez os judeus não eram mais ignorados nas promoções internas do Exército. Antes, seria impensável que um alemão de crença judaica pudesse tornar-se oficial – um amargo rebaixamento num país tão marcado pela vida militar, como era a Alemanha imperial.

Mas este tratamento justo e igualitário foi diminuindo, à medida que a guerra perdurava. Os velhos sentimentos e preconceitos antissemitas iam ressurgindo, quanto maior eram as tensões nas frentes de batalha e no país.

A partir de 1915, uma das mais radicais organizações antissemitas alemãs, a Reichshammerbund, passou juntamente com outras associações radicais de direita a conclamar o Ministério da Guerra a "acabar com a negligência dos judeus".

Esperanças destruídas

Os antissemitas espalhavam que os judeus aproveitavam os seus relacionamentos e a sua riqueza para conseguir postos intermediários sem risco pessoal. Através de postos importantes na economia de guerra do Império, eles se enriqueceriam às custas da miséria do povo.

Em vez de ignorar tais disparates ou de combatê-los, a liderança do Exército acabou ordenando uma "contagem dos judeus", pois também o corpo de oficiais alemães sempre fora extremamente antissemita.

A instrução de 11 de outubro de 1916 deixou claro que as esperanças de igualdade de direitos tinham sido vãs. Exatamente os muitos judeus com grande sentimento nacionalista foram profundamente atingidos em sua honra.

Deprimido, o escritor Jakob Wassermann escreveu: "É inútil viver para eles e morrer por eles. Eles dirão: ele é um judeu".

Resultados acabaram não publicados

Walther Rathenau, chefe da empresa AEG e a quem fora confiada a direção do departamento de matérias-primas bélicas no início da guerra, renunciou resignado ao cargo: "Quanto mais judeus morrerem nesta guerra, tanto mais os seus adversários tentarão provar que eles ficaram atrás das frentes de batalha, a fim de beneficiar-se da usura na economia de guerra".

As organizações judaicas na Alemanha protestaram em vão "contra as determinações excepcionais para os judeus, que rebaixam e humilham a disposição de sacrifício dos nossos irmãos de fé nos campos de batalha e no país".

O Ministério da Guerra acabou não publicando os resultados do cadastramento discriminador. Com toda razão, do seu ponto de vista. Pois, como revelou a análise dos dados coletados, os alemães de crença judaica comportaram-se exatamente da mesma maneira como os seus concidadãos cristãos.

Mas a mera realização do cadastramento – aliada ao fato de a liderança do Exército não ter desmentido as difamações, embora dispusesse até mesmo de material estatístico para tal – acabou reforçando as mentiras antissemíticas.

Autoria Rachel Gessat (am)

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terça-feira, 8 de maio de 2018

1943: "Três Grandes" reúnem-se em Teerã


Stalin, Roosevelt e Churchill



Churchill e Roosevelt encontram-se com Stalin em 28 de novembro, no Irã. É combinada uma coordenação dos ataques soviéticos à Alemanha nazista com o iminente desembarque dos aliados na Normandia.




O primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill, e o presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, já haviam se encontrado no Cairo para falar sobre a Segunda Guerra Mundial e fazer planos para o futuro da Europa, da Turquia e do Extremo Oriente.

Antes de tentarem em vão a adesão da Turquia à aliança ocidental contra a Alemanha nazista e de nomearem Dwight D. Eisenhower como comandante supremo da iminente invasão da Normandia, os dois deixaram a cidade às margens do Nilo e viajaram para Teerã. Lá, em 28 de novembro de 1943, eles haviam marcado um encontro de três dias com o presidente da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), Josef Stalin.

Novo papel para URSS no pós-guerra

Churchill foi ao encontro do líder comunista com desconfiança, mas Roosevelt estava convencido de que eles teriam de se arranjar de alguma maneira com a URSS e que esse país teria um papel importante na Europa e no mundo do pós-guerra. E isso deveria ocorrer no contexto de uma nova organização mundial, ambicionada por Roosevelt e muitos americanos, e destinada a assumir as tarefas da comunidade internacional fracassada. Sem os soviéticos, tal organização seria ineficaz.

Norte-americanos e britânicos já estavam tentando há tempos deter as invasões alemãs. Roosevelt tinha consciência de que um futuro pacífico depois da guerra dependeria decisivamente das relações com a URSS.

Para Washington e Londres, esse futuro já estava traçado na mensagem de Roosevelt ao Congresso em 1941, na qual ele se referiu especialmente a quatro liberdades: de opinião, de religião, do medo e da miséria. As duas potências ocidentais declararam essas liberdades como metas de guerra em seu acordo conhecido como Carta do Atlântico, e acrescentaram o direito à autodeterminação e a rejeição de conquistas territoriais por meio de guerras.

Do ponto de vista de Roosevelt, o que fosse acertado entre os dois aliados atlânticos deveria servir de base para um tratado com a URSS e a China, pois só as quatro nações juntas poderiam assumir a responsabilidade de preservar a paz no mundo.

Stalin esconde seus planos

Numa retrospectiva histórica, constata-se que essa era uma visão fantástica, idealista. Churchill e Roosevelt encontraram em Teerã um Stalin cordial. O chefe do Kremlin não tinha abandonado sua ideia de vitória do comunismo, mas sabia que seu país precisava do apoio do Ocidente. A União Soviética tinha de suportar o maior fardo da guerra, e para Stalin estava claro que isso afetaria também seu sonho de expansão do comunismo.

Em Teerã, combinou-se, em primeiro lugar, que Moscou deveria coordenar seus ataques contra a Alemanha com o iminente desembarque planejado pelos aliados ocidentais na Normandia. Mas Stalin também pôde fazer algumas exigências, indicando o que se confirmaria depois no decorrer da Guerra: ele reivindicou a Prússia Oriental e as fronteiras que foram asseguradas à União Soviética nos acordos com Berlim e Helsinque, em 1939 e 1940.

A ideia de uma organização não foi detalhada em Teerã. Nem houve acordo sobre o futuro da Polônia e, no que se referia ao Irã, a declaração conclusiva do encontro dos "Três Grandes" dizia que o país, parcialmente ocupado, receberia sua independência de volta depois da Grande Guerra.

Há muito, Stalin vinha fazendo planos para a divisão da Europa e a ampliação das fronteiras da URSS. Entretanto, ele não revelou seus planos militares aos parceiros ocidentais. O líder soviético mostrou-se, ao mesmo tempo, muito insatisfeito com o projeto de transformar a Alemanha e uma série de outros Estados da Europa Central e do Leste Europeu em nações agrícolas. Stalin viu no plano uma tentativa do Ocidente de frear a expansão soviética e, em vez disso, defendeu uma balcanização do Leste Europeu e um enfraquecimento da França e da Itália.

Data 28.11.2016
Autoria Peter Philipp (ef)

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1945: Capitulação da Alemanha



Em 8 de maio de 1945, o Alto Comando da Wehrmacht assina em Berlim a capitulação incondicional do Terceiro Reich ante as forças aliadas. Era o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, cinco anos e meio após seu início.



Ao fim da guerra, Berlim e todas as grandes cidades alemãs haviam se transformado em ruínas

"Nós, abaixo-assinados, que negociamos em nome do Alto Comando alemão, declaramos a capitulação incondicional ante o Alto Comando do Exército Vermelho e ao mesmo tempo ante o Alto Comando das forças expedicionárias aliadas de todas as nossas Forças Armadas na terra, na água e no ar, assim como de todas as demais que no momento estão sob ordens alemãs. Assinado em 8 de maio de 1945 em Berlim. Em nome do Alto Comando alemão: Keitel, Friedeburg, Stumpf..."

O que o locutor da Rádio do Reich anunciava em poucas palavras na manhã de 9 de maio de 1945 era o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. Todos os sobreviventes respiraram aliviados. Mas aquilo que a maioria – também dos alemães – sentiu como libertação, significava para outros vergonha e afronta.

As vitórias-relâmpago sobre a Polônia, a França e a Noruega haviam cegado os alemães e, acima de tudo, a própria liderança nazista. O ataque à União Soviética, em 22 de junho de 1941, resultava desse delírio provocado pelas fáceis conquistas militares.

"Do quartel-general do Führer, o Alto Comando informa: em defesa contra o ameaçador perigo do leste, a Wehrmacht (as Forças Armadas) atacou, às 3 horas da manhã de 22 de junho, a violenta marcha das tropas inimigas. Uma esquadrilha da Luftwaffe bombardeou o inimigo soviético ainda ao alvorecer."

Os esmagadores sucessos iniciais da Operação Barbarossa (ou Barba Ruiva), nome secreto do assalto alemão à União Soviética, também pareciam levar o Reich a mais um triunfo militar. Em 3 de outubro de 1942, ao inaugurar a obra assistencial de inverno, Hitler zombou das reações da imprensa estrangeira: 

"Se nós avançamos mil quilômetros, não se pode chamar isso exatamente de fracasso (...). Por exemplo, nos últimos meses – e é em apenas alguns meses que se pode sensatamente promover uma guerra neste país – nós avançamos até o Rio Don, o descemos e chegamos finalmente ao Volga. Cercamos Stalingrado e vamos tomá-la – no que os senhores podem confiar."

Era a primeira vez que Hitler mencionava publicamente o nome da cidade que viria, quatro meses mais tarde, mudar o destino da guerra. Se na ocasião muitos generais acreditavam no sucesso militar da ofensiva, no momento da capitulação do Sexto Exército em Stalingrado restavam poucos otimistas ainda cegamente convictos de um fim vitorioso para a Alemanha de Hitler.

A derrota das tropas alemãs na África do Norte, no mesmo ano, e o desembarque dos Aliados na Normandia, em junho de 1944, reverteram o destino militar do Exército alemão.

Um dia após a capitulação incondicional, a emissora de rádio do Reich da cidade de Flensburg, onde residia o grande almirante Dönitz, que após o suicídio de Hitler exerceu interinamente o posto de chanceler do Reich até 23 de maio, levou ao ar o último boletim da Wehrmacht, elogiando a heróica resistência dos últimos batalhões na foz do Rio Vístula:

"Vinte horas e três minutos. No ar, a emissora do Reich de Flensburg e sua rede de afiliadas. Hoje, transmitimos o último boletim da Wehrmacht sobre esta guerra. Do quartel-general do grande almirante, em 9 de maio de 1945, o Alto Comando informa que..."

O que todos os boletins oficiais das Forças Armadas sempre haviam omitido, passou gradualmente a ficar claro a partir de 8 de maio de 1945. Além dos monstruosos danos materiais e da destruição irreparável de obras de arte, a Grande Guerra consumira não menos que 55 milhões de vidas humanas.

Autoria Norbert Ahrens (mw)
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Bildergalerie Zweiter Weltkrieg Karte Europa 1939 Portugiesisch

sexta-feira, 4 de maio de 2018

1919: Protesto estudantil em Pequim



No dia 4 de maio de 1919, universitários chineses protestaram contra o Tratado de Versalhes, que concedia antigos territórios alemães na região aos japoneses. Manifestação desembocou na renovação cultural chinesa.


"Esta é a última chance para a China, na sua luta de vida e morte. Juramos hoje solenemente, junto com todos os nossos compatriotas: o território da China pode ser ocupado, mas não pode ser entregue! O povo chinês pode ser massacrado, mas não se renderá! Nossa pátria está diante da destruição. Levantem-se, irmãos!"

Rebelião no centro de Pequim: 3 mil estudantes distribuem panfletos na praça da Paz Celestial, um lugar que ainda viria a ser palco de outras manifestações estudantis, muitos anos depois.

Jovens querem sacudir o país

Os estudantes estavam decididos a despertar a resistência no país: resistência contra o Tratado de Versalhes, que concedera ao Japão o antigo território colonial alemão. E resistência contra o próprio governo, que pretendia assinar o tratado. Eles marchavam pela cidade e muitos choravam à beira da calçada. Atravessaram o bairro dos diplomatas e invadiram a casa do ministro dos Transportes e chefe do banco estatal, um simpatizante dos japoneses. E gritavam: "Abaixo os traidores!".

O Japão aproveitou a confusão da Primeira Guerra Mundial na Europa para assumir o controle sobre uma grande parte da província oriental chinesa Xantung. Tratava-se da cidade portuária de Tsingtao e suas redondezas, um território que a Alemanha ocupara em 1898 e arrendara posteriormente por 99 anos.

Depois que a Alemanha foi vencida na Primeira Guerra Mundial e o presidente norte-americano Woodrow Wilson enunciou os seus 14 pontos do direito de autodeterminação dos povos, os chineses estavam otimistas de que o Japão devolveria esse território. A delegação chinesa na conferência de paz de Versalhes teve um grande apoio popular, em especial dos estudantes, mas, em vão.

A China não era uma colônia, como a Índia, a Indonésia ou o Vietnã; mas, desde meados do século 19, as potências estrangeiras ocuparam, passo a passo, partes atraentes do seu território, como Hong Kong e Xangai. Muitos chineses sentiam-se humilhados, como uma "meia colônia". A abolição do império milenar, em 1911, não contribuiu para a situação.

Tudo ficou diferente

As manifestações de 4 de maio e das semanas seguintes não obtiveram grande êxito político. Apesar disso, o 4 de maio de 1919 está entre as datas mais conhecidas da história chinesa do século 20: nada ficou como era antes.

O dia é um símbolo da arrancada da China rumo aos tempos modernos. E esse entusiasmo das manifestações estudantis foi preservado durante toda a década de 20. O Movimento de Quatro de Maio, como seria denominado posteriormente, era sedento de toda novidade proveniente do Ocidente.

Surgiram na época tanto o Partido Comunista da China quanto os anarquistas chineses. Também a moderna literatura chinesa teve sua origem com o Quatro de Maio. Ela foi chamada de "nova literatura" – e o que era novo, era considerado bom. Uma das revistas mais importantes da época denominava-se "Nova Juventude".

Os jovens intelectuais do Quatro de Maio fizeram um acerto de contas radical com o tradicional e com os velhos, como nunca ocorrera antes, nem viria a ocorrer depois. Eles viam nesse mofo milenar a verdadeira causa da fraqueza e do atraso da China. Em 1919, a Nova Juventude escrevia:

"Acreditamos que as ciências naturais e a filosofia pragmática sejam condições indispensáveis para o progresso da nossa sociedade atual, e que a superstição e a especulação devam ser abolidas. Acreditamos que o respeito à personalidade e aos direitos da mulher sejam absolutamente imprescindíveis para a evolução progressista da nossa sociedade atual."

Até mesmo novos nomes

Mulheres subservientes, respeito pelos pais: súbito, os valores de Confúcio não prevaleciam mais. A família ficou fora de moda, não se desejava manter nem mesmo os sobrenomes, como recorda o escritor Chang Yiping:

"Conheci um jovem que substituiu os três ideogramas do seu nome por 'Ele-Você-Eu'. E na Universidade de Pequim, na entrada da Faculdade de Filosofia, encontrei certa vez um amigo que estava acompanhado por uma moça de cabelos curtos. Eu lhe perguntei: 'Qual é o seu sobrenome?' Ela me olhou espantada e gritou: 'Eu não tenho sobrenome!' Havia também quem escrevesse a seu pai uma carta com o teor: 'A partir do dia tal, eu não o considerarei mais como meu pai. Somos todos amigos com direitos iguais'."

Posteriormente, a maioria dos chineses considerou tudo isso ridículo. Poucos anos depois, Mao Tsé-tung idealizava o caminho próprio da China para o comunismo. Não era mais possível, simplesmente, copiar o estrangeiro. A China fechava-se cada vez mais em relação ao exterior.

Também Mao Tsé-tung estava na Universidade de Pequim em 1918 e 1919. Como bibliotecário.

Autoria Thomas Bärthlein (am)

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terça-feira, 1 de maio de 2018

MAN WATCHING A WOMAN




I want your hand to be placed on my heart, and come,
I want the palm of your hand on my heart, for it to be placed on me.
Before you come I shall light a fire and I shall await
Your coming patiently. I want the big fire

To be alight all night, and voices in the silence of this fire
To be heard only as we once heard the sound of the sea,
For your shoulder, hand, arm to be put on my heart,
And for the fire to be alight.

Let it snow outside, let's not remember anyone outside.
Let the town fall into a heavy sleep, let the town sleep,
Let fathers, brothers sleep sweetly and bitterly.
Let every place, space and area be covered in white snow.

Let factories, stations, the airport sleep in peace,
Let the sky too rest in sleep, let there be no flying,
Let the yard dogs, the tramp, the bird on the wire
Be overcome by slumber, let everything surrender to slow

Sleep and peace. But let me hold your weak
And white hand the whole night and have it on my heart.
Let for a moment an unknown god stop by our windows,
And let us too go to sleep, but let the fire stay alight.



© 2004,   Rati Amaghlobeli
© Translation: 2007, Donald Rayfield  

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fonte : "poemoftheweek@poetryinternational.org"