segunda-feira, 30 de abril de 2018

Último deseo

Théophile Gautier

Hace ya tanto tiempo que te adoro
-dieciocho años son muchos días-
eres de color rosa, yo soy pálido,
yo soy invierno y tú la primavera.

Lilas blancas de camposanto
en torno de mis sienes florecieron,
y pronto invadirán todo mi cabello
enmarcando mi frente ya marchita.

Mi sol pálido que declina
al fin se perderá en el horizonte,
y en la colina fúnebre, a lo lejos,
veo la morada final que me espera.

Deja al menos que caiga de tus labios
sobre mis labios un tardío beso,
para que así una vez esté en mi tumba,
mi corazón tranquilo pueda reposar.
Biblioteca Digital Ciudad Seva



sexta-feira, 20 de abril de 2018

Olgária matos - Tempo sem experiência

Sociologia Descolada: Sobre ser sociólogo

Sociologia Descolada: Sobre ser sociólogo: Nós, sociólogos, analisamos a sociedade a partir de teorias e métodos científicos. Defendemos a igualdade social e os valores democráticos...

AÉCIO EXEMPLO



Enquanto vocês criticam Aécio Neves eu só consigo pensar que ele é um exemplo a ser usado para a educação das crianças que estão entrando em idade escolar, viu.
Olha só,
- Para quando a criança não aceitar brincar com amiguinhos, excluindo eles do time ou do jogo, use o exemplo do Aécio.
- Para quando a criança não aceitar o resultado da brincadeira, caso derrotada, ou por ter ficado em segundo lugar, use o exemplo do Aécio.
- Para quando a criança for pega mentindo e continuar dizendo que ela não fez nada de muito errado, foi só um pouquinho, use Aécio como exemplo.
Afinal de contas: Se Aécio não tivesse passado a perna em Serra e Alckmin em 2014, um dos paulistas teria sido candidato a presidente e pelo PSDB, se derrotados por Dilma, Aécio teria continuado na liderança do partido e seria o candidato natural à presidência em 2018. Mas, foi brigar com os amiguinhos de SP em 2014, deu no que deu.
Se Aécio tivesse aceitado a derrota em 2014, não teria apresentado o primeiro pedido de impeachment de Dilma, não teria desarticulado as relações entre governo e oposição, criando um grupo de traidores do governo dentro do governo e, por consequência, não teria dado tanta força pública para a criminalização judicial da política. Mas, não aceitou ser derrotado e acabou sendo vítima do próprio veneno, pois caiu nas “armadilhas” da indústria judiciária de delações contra políticos.
E, se tudo isso não tivesse acontecido até então, as denúncias contra ele e/ou PSDB continuariam sendo arquivadas ou por transcurso de prazo ou por falta de provas em Brasília (vide caso Furnas). Mas ele foi pego na mentira e insiste que só errou um pouquinho, mas que não é criminoso. Ainda assim, passou a ser réu em uma ação. Prova de que criança não pode mentir. A denúncia não deve ir muito adiante. O mais provável é ser arquivada ou o crime prescrever por transcurso de prazo. Ou seja, só foi colocado no “cantinho do pensamento” da escola, muito longe de ter que ajoelhar no milho.

Veja como em educação o uso de exemplo inverso ajuda no amadurecimento das crianças. Se Aécio não tivesse feito tudo o que fez nos últimos quatro anos teríamos um exemplo a menos de comportamento infantil e irresponsável para a educação das nossas futuras gerações. 

Emerson Urizzi Cervi


#paz #meditacoespedagogicas #educadordefacebook

domingo, 8 de abril de 2018


Lula não foi condenado pelo tríplex (esqueçam isso!). Lula foi condenado quando decidiu que cada brasileiro deveria fazer três refeições ao dia. Lula foi condenado quando tirou o brasil do mapa da fome mundial. Lula foi condenado quando milhões ascenderam socialmente. Lula foi condenado quando decidiu que pobres poderiam chegar à universidade e às escolas técnicas. Lula foi condenado quando a filha do pedreiro virou engenheira, o filho do garçom virou advogado e o negro favelado deixou de ser bandido para ser médico: invertendo, assim, a lógica dessa porra toda. Lula foi condenado quando começou a dar show pelo mundo, no g-20, nas nações unidas e nos cambau a quatro. Lula foi condenado quando investiu mais em educação e saúde que todos os outros presidentes. Lula foi condenado quando investiu no nordeste brasileiro, sempre esquecido. Lula foi condenado quando mostrou à elite deste país que um operário sabia governar. Lula foi condenado quando alcançou 80% de aprovação popular. Lula foi condenado por suas virtudes, não por seus eventuais pecados. Lula é imenso, do tamanho do Brasil. Lula é a história."

kafkianas


Josef K. que foi condenado e julgado por um tribunal misterioso, em que muitos ficam em dúvida sobre a real história acontecida. A justiça questionada na obra revela a obscuridade do processo realizado contra Josef K e quão vago ele se transforma e são usadas provas absurdas contra ele durante todo o romance. O Estado é considerado arbitrário e autoritário. Demonstram que os direitos sociais do homem são tolhidos e revelam as falhas e erros o sistema judiciário. Pode-se dizer que a liberdade que é um direito de todos os direitos de ser ouvido e de defesa, nesta obra, é negada, e a aplicação o poder democrático também é alienado e impedido
Louise Ronconi de Nazareno

"A transformação de uma operação de combate à corrupção com 50 etapas em um objetivo único que é prender um ex-presidente expõe a face mais danosa de todo o processo: a implosão institucional, em especial do poder judiciário.
Isso se dá pela tentativa de substituição de uma liderança personalista por outra. De Lula pelos seus algozes. Todos os envolvidos, da primeira à última instância, não souberam lidar com a visibilidade pública que tiveram até aqui. Pensaram que poderiam substituir o personalismo de Lula por um novo perfil de líder popular. Enganaram-se. Visibilidade pública não produz liderança real. É o contrário. Mas isso os sinhozinhos provincianos não entendem. O que inclui ministros do supremo que essa semana experimentaram o gosto amargo de críticas públicas feitas por seus próprios pares, algo inédito na história das instituições, em especial, das instituições jurídicas brasileiras. Em 2018 o judiciário começa a se canibalizar em frente às câmeras de televisão, assim como a elite política vem fazendo desde 2013.
O pior de tudo isso é que o legado deixado por uma operação que usa a corrupção para substituir (substituir e não combater) lideranças personalistas é o desmonte das estruturas formais de combate efetivo à corrupção. Sem instituições fortes, que respeitem as regras, nunca haverá combate à corrupção de fato.
A diferença entre a liderança personalista de Lula e a dos sinhozinhos é que Lula, como conciliador, conseguiu criar uma imagem de líder personalista ao mesmo tempo em que se fortaleciam as instituições. Quem busca se transformar em nova liderança personalista sem a experiência da representação e a qualidade da conciliação, fatalmente terminará implodindo as instituições.
Pelo enfraquecimento institucional é que perderemos todos no futuro, ainda que por agora pareça que exista um vencedor."
Emerson Urizzi Cervi:

terça-feira, 3 de abril de 2018

Tiros que o senhor ouviu


Fernando Limongi: Tiros que o senhor ouviu

- Valor Econômico 2/4/2018

Lula divide a sociedade como ninguém antes o fez

O clima político esquentou. Nas duas últimas semanas, a radicalização voltou a dar as caras, culminando em tiros contra a caravana de Lula, declarações desastradas do candidato tucano e apologia ao porte de armas por Bolsonaro e seus seguidores. O espaço para a serenidade e o razoável se viu reduzido. Voltamos ao sertão de Riobaldo em que até Deus deveria andar armado.

O julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do habeas corpus solicitado pela defesa de Lula explica o recrudescimento do embate político. O cerco sobre o presidente Temer e o calendário eleitoral (prazo de desincompatibilização e de filiação partidária) também contribuíram, mas Lula, como nenhum outro personagem da história política brasileira recente, desperta paixões e divide a sociedade brasileira em grupos antagônicos, os que o amam e os que o odeiam.

O STF recebeu a batata quente de Moro e do TRF-4. As duas instâncias sabiam quais as consequências de suas decisões, isto é, estavam cientes que colocariam o STF contra a parede e, mais, que a prisão após condenação em segunda instância poderia ser a vítima do seu blefe. Pagaram para ver. O destino da Lava Jato não está em causa. Está em causa a prisão do ex-presidente.

A resposta virá ao longo da semana. Todo observador da cena política (incluindo Moro e os três do TRF-4) sabe que a nossa Corte Suprema é antes de tudo inconstante, discricionária e aleatória. Isso é sabido. Basta olhar o histórico de suas decisões. Portanto, não será surpresa se a Corte alterar sua posição.

Nesse imbróglio, o texto constitucional é o que menos importa. Faz tempo que o Supremo vem decidindo sem precisar se referir à Constituição, a seus artigos, incisos ou o quer que seja. A jurisprudência vigente é a de que o STF faz o que lhe dá na telha e, mais, que atira para o lado que estiver voltado. No caso, as considerações politicas se sobreporão às convicções jurídicas, se é que a decisão anterior sobre a matéria se deu por razões jurídicas.

O julgamento de Lula será palco do teatro a que os brasileiros foram forçados a se acostumar nos últimos tempos: um show de vaidades representado por personagens picarescos. As datas vênias, referências a leis e decisões anteriores torrarão a paciência dos cidadãos plugados na TV Justiça. Ninguém dará a mínima para os argumentos dos magistrados, nem os próprios. Interessa apenas o placar, o resultado final, se Lula ganha ou perde.

Gilmar Mendes, com o tom de superioridade professoral que o caracteriza, achou por bem pedir aparte para explicar aos demais como devem votar. Começou frisando ninguém poderá lhe "imputar simpatia pelo PT", mas que Rui Barbosa teria lhe ensinado que se a "lei cessa de proteger nossos adversários, cessa virtualmente de nos proteger". Trocando em miúdos: se ponho meu adversário em cana, não tenho como proteger meus amigos. Assim será.

Assim, qualquer ela seja a decisão sobre o destino de Lula, ela estará de acordo com precedentes e a jurisprudência e, por isso mesmo, será vista como casuísta pelos perdedores e legítima pelos ganhadores. E mais, quem perder terá toneladas de exemplos para provar que vem sendo sistematicamente perseguido, que a Corte favorece seus adversários.

A tensão é alta e todos pressionam o STF. Fica por saber como se comportarão após a decisão. O Vem Pra Rua voltou à vida e achou recursos para pagar anúncio de página inteira nos jornais pedindo a confirmação da sentença. O moralismo e a renovação da turma, portanto, só ganha corpo se o alvo é o PT. Quando Temer era a bola da vez, o Vem Pra Rua, alegando falta de recursos e cansaço cívico, ficou em casa.

Jair Bolsonaro, o candidato da segurança, houve por bem fugir do Rio de Janeiro sem dizer uma palavra sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco. Preferiu confrontar Lula em Curitiba, onde, mantida a distância, disparou suas bravatas usuais, cercado por um punhado de policiais e militares aposentados. A violência verbal de Bolsonaro tem alvo preciso: o PT e Lula, a quem não cansa de equiparar a criminosos. Com o requinte habitual, declarou: "Presidente tem que meter bala em vagabundo e não formar quadrilha com eles."

O circunspecto Geraldo Alckmin também entrou na dança da insensatez e escorregou na casca de banana que o clima politico lançou à sua frente. Na semana retrasada, propôs trégua, afirmando que era hora de deixar "lado os pesadelos do passado." Disse mais: "não vou ficar brigando por coisa do PT, vou olhar para o futuro." Diante dos tiros no sul, esqueceu-se do Alckmin "paz e amor" para afirmar que o "PT colhia o que plantava." A retratação posterior não esconde as dificuldades do candidato de tratar Lula e o PT com civilidade, como se a moderação fosse responsável pelo apoio tímido que vem colhendo nas pesquisas.

A ironia das ironias é que Alckmin deu essas declarações ao comparecer à estreia do épico "Nada a perder: a história real de Edir Macedo", filme em que o bispo é retratado como um defensor dos humildes, preso em razão da reação sórdida das elites ciosas da preservação de seus privilégios. Ocorre a alguém o paralelo?

Quanto ao PT e ao que estaria plantando, vale ter em mente que em que pese ter 'gritado golpe', Dilma deixou o poder de forma ordeira. A ameaça de convocar o exército de Stédile não passou disso, de uma ameaça. Lula está se defendendo apelando para as armas legais que lhe restam, um pedido de habeas corpus à Corte Suprema, tendo como advogado um ex-ministro dessa mesma corte. Nada poderia ser mais 'burguês', 'legalista' e comportado.

A existência do diabo atormentava Riobaldo. O Papa Francisco declarou que o inferno não existe, mas a notícia ainda não chegou por aqui. A lógica do sertão resiste.
-------------------
Fernando Limongi é professor do DCP/USP e pesquisador do Cebrap.