sábado, 20 de maio de 2017

“O modelo cívico brasileiro é herdado da escravidão, tanto o modelo cívico cultural como o modelo cívico político. A escravidão marcou o território, marcou os espíritos e marca ainda hoje as relações sociais deste país. Mas é também um modelo cívico subordinado à economia, uma das desgraças deste país”
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- Milton Santos, em "As cidadanias mutiladas". In______. O preconceito (vários autores). São Paulo. IMESP, 1996-1997, p. 135.
A grande imigração polonesa para Curitiba e região produziu excelentes resultados. Quantas chácaras e pequenos sítios no Abranches, Santa Cândida, Orleans, Riviere e Campina do Siqueira, no atual Bairro do Seminário



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Quando setores da Igreja Católica participam abertamente da oposição é porque chegamos ao fundo do poço das trevas. A Igreja participou ativamente na derrota da ditadura militar, na grande surra eleitoral da ARENA, o partido da direita ditatorial em 1974 e na mobilização crítica aos torturadores de Herzog em 1975. Agora interesses estrangeiros com Temer, Ilan Goldfajn, Moro, Skaf, Richa e outros levam a Igreja a ficar junto do seu Povo Brasileiro novamente, tal como ficou contra Geisel. A prática da Igreja muitas vezes esteve com as causas populares, nas insurreições populares contra autoritários, tiranos, déspotas estrangeiros e contra a dominação do seu Povo. Lembremos também no passado distante as Ordens da Igreja apoiando as grandes causas populares, como na insurreição contra a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, o Nativismo Brasileiro Cristão em Guararapes - 1648, a Restauração Nacionalista em 1640. Bem antes nas nossas origens estatais o grande Levante Popular, Povo, Nobreza e Igreja contra a dominação islâmica, contra invasores árabes e mouros. São Tiago Maior, Santiago Patrono da Ibéria contra os Mouros "surgiria imaginariamente" em inúmeras batalhas medievais. Os nossos antepassados Oliveira, Costa, Gomes, Silva, Sousa, Pereira, hoje sobrenomes de milhões de pessoas, por dezenas de séculos se emocionaram, riram, choraram, se batizaram, casaram, morreram e se consolaram sob a proteção da sua Igreja e do atual Papa Francisco, ainda hoje orando e politicamente presentes ao lado do seu Povo, pela Democracia, nas causas progressistas !

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De maneira equivocada Curitiba vive um pequeno e informal "(mini)estado de sítio" não declarado. Ruas e quase um bairro inteiro "fechado" para uma injustiça federal partidarizada e politizada como prepotente, agora fui informado do cancelamento de uma palestra acadêmica, que eu proferiria e marcada há muitos meses, porque vão fechar o prédio educacional perto da Praça Osório. Moro deixou de ser juiz há tempos e se tornou animador de torcida, chefe de um bando faccioso. Se repetirem a violência de 29 de abril de 2015, ou pior, passará a ser outro pária como Beto Richa, sempre a se esconder do público, como Richa fugiu o tempo todo dos eleitores nas eleições do ano passado e desonrando a imagem da polícia convertida em uma milícia privada de jagunços do seu mandonismo autoritário, com os seus comandantes depois demitidos, enxovalhados, humilhados e forçados a assumirem a culpa e responsabilidade pelo massacre de civis desarmados, manifestantes jovens, mulheres, professores idosos, trabalhadores e povo protestando contra a crise do desgoverno golpista, contra o desemprego, o arrocho salarial, cortes nos recursos da educação, saúde e da própria segurança, além da tentativa de roubo das aposentadorias de todo mundo que trabalha, tudo em uma justiça aparelhada e autoritária, servindo a poucos foras da lei momentaneamente no poder.

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Montei hoje a genealogia política básica de Rosangela Maria Wolff de Quadros Moro, a mulher do juiz Sergio Moro. Só podia ser da grande família do Centro Cívico porque a classe dominante do Paraná tradicional é uma grande estrutura de parentesco, quase sempre com as mesmas famílias da elite estatal ocupando simultaneamente os poderes executivo, legislativo e judiciário. Vocês sabiam que Rosangela é prima do prefeito Rafael Greca de Macedo ? Ambos descendem do Capitão Manoel Ribeiro de Macedo, preso pelo primeiro presidente do Paraná por acusações de corrupção e desvio de bens públicos em instalações estatais. A grande teia de nepotismo e familismo explica muito do atraso, falta de justiça e desigualdades no Paraná e Curitiba, locais em que famílias com mentalidades políticas do Antigo Regime ainda mandam e dominam. Moro e Wolff são famílias de origem imigrante, que conseguiram entrar para o poder judiciário, famílias com parentes desembargadores, do lado Wolff os desembargadores Haroldo Bernardo da Silva Wolff e Fernando Paulino da Silva Wolff Filho, do lado da família Moro o desembargador Hildebrando Moro. Outro parente influente de Rosangela é Luiz Fernando Wolff de Carvalho, do grupo Triunfo, bastante ativo nas atividades empresariais e na política regional, sempre envolvido com problemas jurídicos. A família Wolff dominou por muitos anos a prefeitura de São Mateus do Sul, no interior do Paraná. Essas famílias de origem imigrante passaram a formar parte do estamento burocrático com seus privilégios e poderes, muitas vezes se associando na grande e antiga teia de nepotismo, de escravidão, exclusão social e coronelismo das antigas e sempre atuais oligarquias familiares da classe dominante paranaense.

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Os operadores da Lava a Jato são membros e representantes do 0,1% mais rico no Brasil, a elite mais tradicional e conservadora do sistema judicial. Quase todos operadores da Lava a Jato representam um forte poder hereditário de dentro do Estado. Os pais tiveram carreiras estatais durante o período de autoritarismo da ditadura militar. O procurador Deltan Dallagnol, o coordenador, é filho do procurador de justiça Agenor Dallagnol e pertence a seita religiosa. Carlos Fernando dos Santos Lima, procurador e estrategista, é filho do deputado estadual da ARENA Osvaldo dos Santos Lima, promotor, do partido de apoio à ditadura, foi presidente da Assembleia Legislativa do Paraná no auge da repressão, em 1973. Santos Lima é outra típica família do poder local tradicional da Genealogia Paranaense, como já demonstramos em outras mensagens. A esposa de Carlos Fernando, Vera Lúcia, era funcionária do Banestado durante a crise e escândalo do banco. O mais novo dos procuradores da Lava Jato é Diogo Castor de Mattos, que também apresenta notável rede familiar de poder na sua família. É filho do falecido procurador de justiça Delivar Tadeu de Mattos e de Maria Cristina Jobim Castor de Mattos, irmã do falecido Belmiro Jobim Castor, ex-diretor do Bamerindus, secretário de Estado várias vezes no Paraná nos anos 70-80 e do Conselho Superior da Associação Comercial do Paraná. O escritório de advocacia Delivar de Mattos & Castor é dos mais conhecidos do Paraná, com os irmãos Rodrigo Castor de Mattos e Analice Castor de Mattos. Qualquer sociedade para manter politicamente, ideologicamente e juridicamente a absurda concentração de renda brasileira precisa desses tipos de atores e de sistema judicial familiar e arcaico, mais associado ao Antigo Regime e sua nobreza togada. No Brasil os mais altos operadores jurídicos dentro do Estado, ou nos escritórios de advocacia, ganham remunerações formidáveis e fantásticas se comparadas com as médias brasileiras. Criam problemas para eles mesmos resolverem lucrativamente.

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Durante muitos anos trabalhei com avaliações na "opinião pública" sobre debates político-eleitorais, exatamente o que aconteceu ontem entre Lula e Moro. Lula ganhou por larga margem o debate e ganhou de maneira ainda mais consistente as representações feitas no dia seguinte. Os apoiadores de Lula, do PT e da Democracia também ganharam quantitativamente e qualitativamente o debate ontem em Curitiba, ao ocuparem e se manifestarem massivamente, ordeiramente e pacificamente, revelando o absurdo do maior esquema policial já montado no Paraná para um debate político, uma estrutura caríssima no governo falido de Richa, com milhares de policiais, helicópteros, atiradores, infiltrados e brucutus, que não aparecem para combater o crime em dias normais, Curitiba está entre as 50 cidades mais violentas do mundo, só para verem a imensa procissão popular e pacífica dos apoiadores de Lula desfilarem e vencerem por larga escala os corações e mentes em Curitiba, desmoralizando os autoritários e fascistas locais. A tal "República direitosa de Curitiba" foi moralmente batida, vencida e desmoralizada exatamente no dia em que pretendiam humilhar Lula. Setores da burguesia local, com seus extremistas de direita, foram profundamente humilhados pela humildade de Lula e seus apoiadores do povão brasileiro, trabalhadores, camponeses, professores e gente vinda de todo país depois de dias de viagem. Os apoiadores do juiz e de seu sistema político perderam até mesmo no número baixíssimo de bandeiras nas janelas dessa vez, até mesmo porque a maioria dos moradores curitibanos já percebeu que o tal golpe do sistema só colocou os mais corruptos no poder, um golpe dos mais corruptos, para os mais corruptos, com apoio do grande empresariado, da grande mídia e do sistema judicial de marajás, o que só aumentou a crise social e econômica, retirou recursos da educação, saúde e os infelizes patos serão terceirizados, vão perder a carteira de trabalho,13º salário, férias porque os paladinos do golpe vão lhes roubar também anos de aposentadoria, de modo que quase nenhuma bandeirinha foi colocada nas janelas em apoio do juiz & cúmplices golpistas..

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Quem deu o golpe no Brasil ?


Quem deu o golpe no Brasil ? Como cerca de 71 mil pessoas, o meio milésimo (0,05%) mais rico, se apropriam de 8,5% de toda a renda nacional? Super-ricos são os que tiveram renda média mensal tributável superior a R$ 135 mil em 2015, o que equivale a apenas 0,1% das declarações do Imposto de Renda. Basta analisar a estrutura de concentração de renda no país, única em escala mundial pela sua imensa perversidade exploratória, cada vez mais concentracionista depois do golpe. 10% mais ricos controlando mais de metade (52%) da renda, 1% mais ricos com quase um quarto (23,2%), 0,1% com mais de um décimo (10,6%) e apenas 0,05% mais ricos com 8,5% da renda total, o que significa uma sistemática engenharia social, econômica, cultural e política de exploração, enganação industrial para manter o "status quo" e reforçar ainda mais as desigualdades no ano do golpe. Riqueza e poder quase sempre são estruturas genealógicas e familiares. O 0,05% mais rico é composto por banqueiros, midiocratas, grandes empresários, grandes proprietários rurais e urbanos, rentistas, toda uma plutocracia assistida, servida e alimentada por uma camada subsequente de políticos, altos funcionários públicos, administradores, executivos e burocratas no sistema privado e agora centralmente no sistema judicial, por alguns tipos de magistrados, juízes, procuradores, jornalistas, comunicadores e marketeiros com altíssimas remunerações para operarem a ideologia do golpe. Super-ricos pagam 9% de imposto e ricos 12%, diz Receita, até nisso são serviçais do grande capital. Hoje os partidos políticos convencionais do golpe, o PMDB, PSDB, DEM, PPS se afundaram completamente no embate, todos passam por profunda crise política e decadência moral, de modo que o golpe precisou novamente colocar na linha de frente as suas reservas funcionais de partidos plutocráticos na luta defensiva: golpistas da magistratura, do ministério público, das TVs, jornais, rádios e grandes mídias, que também estão sendo sistematicamente derrotados, desmoralizados e acuados pela forte oposição popular ao primeiro ano do golpe de 2016. O resumo da ópera: o golpe foi produzido pelos mais corruptos políticos e empresários, pelos mais ricos e funciona como uma máquina de produção de desigualdades sociais, de retirada de direitos dos trabalhadores, lubrificada nas suas engrenagens por suas togas e jornalistas de aluguel.

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O lugar de fala dos críticos de Lula. Não é Lula quem está sendo atacado e julgado levianamente em tribunal de exceção, mas sim toda a incipiente democracia brasileira. Sabe-se que um golpe sempre está necessariamente no gerúndio para existir, um golpe só existe golpeando permanentemente os direitos e as instituições. Na última vez criaram uma sucessão de atos institucionais para fazerem o serviço sujo que Moro e a justiça fazem atualmente contra Lula no caso do triplex. Críticas contra Lula partem de bases sociais bem definidas. Quase toda classe dominante sempre o desprezou de maneira sarcástica. Parcelas da classe média baixa e trabalhadores servis aos grandes interesses burgueses, os criados e funcionários domésticos favoritos do capital, bem como alguns comentaristas e servos de gleba da mídia, os que esperavam subir individualmente no clientelismo dos poderosos, é que nutrem profundos ódios por Lula. Preferem criticar Lula do que os desastres de Temer e do PSDB para manter a aprovação e aceitação da tribo dos privilegiados e ganharem recursos das associações empresariais de direita. Lula é criticado pelas suas origens, como pode um pau-de-arara querer viajar de jato, ter uma residência que não seja da Cohab, querer ter e frequentar um "habitus de classe" que nunca deveria lhe pertencer, como ousa o peão nordestino ter não somente afrontado verbalmente e politicamente os bem nascidos politiqueiros das elites sulistas, ter questionado direitos hereditários de mando e de poder político já destinados por nascimento aos grupos dominantes, mas tê-los vencidos em quatro eleições presidenciais diretas, ter governado com avanços em todos os índices sociais, com inclusões e melhorias sociais para todos no meio de problemas estruturais. Lula pode repetir uma nova sólida vitória presidencial no voto depois de todo circo judicial persecutório. O antagonismo contra Lula em boa parte foi o mesmo contra o Getúlio de 1954 e será amanhã o mesmo antagonismo do "Antigo Regime Brasileiro" contra qualquer candidato crítico com potencial de vitória. Enquanto houver Lula um Ciro Gomes, PSOL, PSTU são completamente inofensivos porque não perigam ganhar nada, não vencem nenhuma eleição presidencial para serem atingidos diretamente pelas forças do atraso no Brasil. Lula é a democracia brasileira, um projeto nacional contra colonizados e quem não gosta de Lula pode disputar o voto livre e democrático em eleições limpas e diretas, daí o maior medo e pavor dos anti-Lulas de todas as matrizes e espectros - Lula é favorito no voto, com a força do povo, de novo ! Contra Lula querem destruir a democracia brasileira e as garantias de direitos pela justiça de exceção golpista em novos atos institucionais envergonhados.

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 Curitiba como campo de investigação da sociologia política só pode ser analisada a partir de suas famílias do poder, o que eu desenvolvi no meu livro "O Silêncio dos Vencedores", a partir de minha tese de doutorado. Na minha pesquisa de doutorado discuti o livro de Wilson Martins, "O Brasil Diferente", com a visão crítica de Octavio Ianni, "As Metamorfoses do Escravo", ambos autores eram "imigrantes" no sentido de outsiders, que desconheciam as estruturas sociais profundas de Curitiba. Ianni ainda se referia a uma antiga sociedade de castas, de certa maneira se prolongando muito mais do que se imagina. Compreender o exótico em familiar e o familiar em exótico, ter dialeticamente ao mesmo tempo uma visão cosmopolita e uma visão local, ser não-nativo e nativo, olhar Curitiba de dentro de suas tradições familiares provincianas e de fora das capitais mais centrais e nacionais, eis um percurso sociológico. 

Ricardo Costa de Oliveira

Diretas Já em breve !

Quanto mais tempo Temer insistir em permanecer na presidência maior será o estrago e prejuízo para seus apoiadores do PMDB e PSDB. Temer apodreceu e apodrecerá todos perto dele. Fica Temer para afundar e apodrecer bastante a direita golpista ainda mais e preparar o país para as novas Diretas Já em breve !

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Ferve Brasil !

No caso do golpista Temer é denúncia criminal gravíssima, total crime de responsabilidade, comprovado com a mala do Rodriguinho Rocha Loures, o pagador da "República do Paraná", aqui a oligarquia se cumpre. Caiu a ficha de vez para os mais ingênuos eleitores dos golpistas, que sempre apoiaram o bandido de estimação deles e candidato derrotado Aécio Neves, cuja irmã Andrea e primo Fred Pacheco já estão presos. Por muito menos o senador Delcídio foi afastado e preso, somente o pedigree de Aécio Neves e de Rodrigo Rocha Loures ainda evita o mesmo destino porque ambos pertencem às mais tradicionais oligarquias familiares do país. Além disso a fala do dono da JBS, Joesley Batista, com Temer revela dramaticamente e criminalmente as podres entranhas golpistas do judiciário da "farsa a jato", quando declarou estar "segurando" dois juízes e que conseguiu uma pessoa "dentro da força-tarefa" ? Quais os nomes dessas estrelas midiáticas do ativismo judicial ? No caso de graves denúncias criminais a Procuradoria Geral da República deve encaminhar imediatamente a denúncia ao Congresso para a autorização do processo contra o golpista Temer por dois terços dos deputados, ou 342 votos. A pressão popular vai aumentar. Ferve Brasil !

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Já raiou a Liberdade no horizonte do Brasil !

Já raiou a Liberdade no horizonte do Brasil ! Quando eu era jovem em 1984 e derrotamos e derrubamos a ditadura militar muitos torciam, com a momentânea derrota das Diretas Já, para mais um golpe militar da direita dentro do golpe de 64, com os Generais Newton Cruz e Octávio de Medeiros ainda em 1984, pensando na continuidade da ditadura militar em mais um governo ditatorial sucedendo o General Figueiredo. Seria a queda total, incondicional e irrestrita da ditadura e suas forças. A esperteza e salvação da direita foi uma grande conciliação, com Tancredo e Sarney, para poupar e proteger os muitos interesses dos aliados civis da ditadura. Mudança real mesma só poderia vir com a queda total da ditadura sem a transição da conciliação transada. Eu calculava no começo do golpe contra a Presidenta legítima eleita Dilma, há uma ano, que o governo golpista de Temer e cúmplices logo estaria, depois de um ano, próximo dos mesmos índices negativos e repudiados do final do governo da ditadura militar de Figueiredo em 1984, da baixíssima popularidade de Sarney em 1989, de Collor em 1992, de FHC em 2002. Dessa vez não será necessária apenas outra vitória sobre pontos, mas o nocaute total desse bloco golpista de direita. Se Temer ficar o governo golpista e todo o seu bloco de apoio se aproximam do volume morto e provocarão outra oportunidade histórica de um governo de salvação nacional reformista ou revolucionário, legitimamente eleito em uma chapa presidencial sem a direita, um governo que finalmente realize o que é necessário em uma agenda de mudanças. A democracia, a cidadania, a modernidade e a liberdade só serão conquistadas com uma derrota completa, acachapante e total do bloco conservador de direita no Brasil. Mais uma vez se abre esta janela de oportunidade histórica no Brasil, tal qual antes e o país não avançará antes de se livrar de todo grande entulho autoritário do "Antigo Regime", o que prejudica o desenvolvimento nacional desde o Movimento de 1930 e nunca se cumpre como transformação nas conjunturas de inflexões, como a que começamos a viver novamente. Diretas Já e que se realizem as metas sociais, cidadãs e democráticas plenas da Constituição de 1988 ou uma nova Constituinte a ser convocada em novas eleições.

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1970: Mao Tse-tung declara apoio a Pol Pot


No dia 20 de maio de 1970, o líder chinês manifestou seu apoio ao príncipe cambojano derrubado, Sihanouk, e a Pol Pot. Pequim começou a desempenhar um papel ativo no conflito do Camboja.


 1960: Mao Zedong known as Mao Tse-tung (1893 - 1976) the communist leader and first chairman of the People's Republic from 1949. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)

Mao Zedong Mao Tse-tung China 1960

Desde 1964, o governo cambojano vinha enfrentando uma rebelião comunista em seu território, com o surgimento do Khmer Vermelho, o que tornara difícil manter o país à margem da Guerra do Vietnã. A China, que sempre combatera a Guerra Fria, apoiava o Vietnã do Norte (comunista) no conflito contra os Estados Unidos.

A utilização do território cambojano como refúgio das tropas norte-vietnamitas e dos guerrilheiros comunistas do Vietnã do Sul levara os EUA a frequentes bombardeios no país. Segundo o perito Heinz Kotte, os norte-americanos lançaram sobre o Camboja uma carga de explosivos cinco vezes mais potente do que as bombas de Hiroshima.

O rei Norodom Sihanouk, líder do partido Comunidade Socialista Popular, insistiu na neutralidade do Camboja e foi deposto, a 20 de março de 1970, pelo marechal Lon Nol, seu antigo primeiro-ministro. Nol era uma perfeita marionete dos Estados Unidos, que tramaram o golpe.

A decisão de Mao Tse-tung de socorrer Sihanouk não significou uma abertura ideológica do regime comunista chinês. Também não era fruto da simpatia de Mao com o Terceiro Mundo, mas, antes, de uma mudança no cenário político internacional. Um ano antes, haviam ocorrido violentos conflitos de fronteira, com centenas de mortos, entre a União Soviética e a China, o que abalou as relações entre as duas potências ideologicamente irmãs.

Formação de alianças estratégicas

Em 1970, o Vietnã do Norte precisava urgentemente dos mísseis soviéticos para combater os bombardeiros B-52 dos EUA. Essa forte dependência implicava também a aproximação ideológica com a União Soviética. Após a morte de Ho Chi Minh, em 1969, líderes pró-soviéticos assumiram o poder no Vietnã.
Para contrabalançar o eixo vietnamita-soviético, Pequim buscou uma aliança com o Camboja. Segundo o perito Kotte, a "China ganhou pontos no plano internacional ao apoiar Sihanouk. O rei era tido como representante do Camboja nos países ocidentais que não seguiam rigorosamente a linha norte-americana".

A China concedeu asilo político a Sihanouk que, em parceria com o Khmer, formou em Pequim o Governo Real de União Nacional do Camboja (Grunc), logo reconhecido por mais de 20 países. Convencido de haver encontrado em Sihanouk e no movimento guerrilheiro do Khmer Vermelho os parceiros certos, Mao desafiou, pela última vez, os EUA, afirmando que o governo de Richard Nixon estava isolado internacionalmente.

Em 1972, Pequim estabeleceu relações diplomáticas com os Estados Unidos para formar um contrapeso a Moscou. No Camboja, o Khmer Vermelho tomou o poder, implantando um regime totalitário e sangrento, responsável pelo extermínio de 3,7 milhões de cambojanos. No dia 20 de maio de 1970, Mao Tse-tung ainda havia conclamado os povos do mundo a se unirem "para combater os agressores norte-americanos e todos os seus lacaios".

Em janeiro de 1976, o nome do Camboja foi mudado para Kampuchea Democrático. Em abril daquele ano, Pol Pot – líder máximo do Khmer Vermelho – tornou-se primeiro-ministro. No ano seguinte, o regime comunista cambojano intensificou sua aproximação com a China e adotou uma política agressiva em relação ao Vietnã, oficialmente reunificado em julho de 1976, dois meses antes da morte de Mao Tse-tung.

Autoria Shin Ming (gh)


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