domingo, 1 de outubro de 2017

"O sentimento despertado pela música instrumental é original, não imitado, ele é totalmente diferente do sentimento refletido, da empatia, mediante a qual o espectador, ouvinte ou leitor se coloca na posição daquele que sofre, está triste ou alegre etc. É a 'música mesma' que é alegre, serena ou melancólica, é ela que tem um 'temperamento próprio', que não imita o estado de alma específico de ninguém, mas é 'a angústia mesma feito coisa', como dirá Sartre muito tempo depois; é ela que absorve inteiramente e transforma a mente que lhe é receptiva, colocando-a no mesmo humor, no mesmo estado de espírito, no mesmo registro de sentimento e temperamento em que está composta."

(SUZUKI, Márcio. "O senso do belo e a máquina do mundo". In: A forma e o sentimento do mundo: jogo, humor e arte de viver na filosofia do século XVIII. São Paulo: Editora 34; FAPESP, 2014. p.285)

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