sexta-feira, 14 de julho de 2017

Lembro de uma das demissões com acordo numa empresa que trabalhei, a ideia era que eles me demitiriam (ah, obrigada, eu estava precisando mesmo!) e isso me possibilitava receber o FGTS. Mas dentro do "acordo" eu teria que devolver os 40% de multa que era dever da empresa pagar ao trabalhador. Num primeiro momento aquela foi a melhor opção. Mas é que daí eu não consegui dormir direito nos dias que se seguiram porque achei ridículo que uma empresa do tamanho daquela me obrigasse a devolver uns míseros dinheiros. Não devolvi. Era meu, porra! E o que isso significou? Vergonha diante dos colegas de trabalho. Eu era quase uma fora-da-lei. Não pisei mais lá. Não me chamaram pra freelas. Ficou muito feio na fita isso que eu tinha feito. É assim que os caras trabalham, com a ideia de que o trabalhador (dentro de um esquema desonesto_ o tal acordo, quando se poderia simplesmente liberar o funcionário e pagar os seus direitos) deve sempre agir pelo bem da empresa. Não importa se eles estejam lucrando nas tuas costas. Não importa se o chefe era um cuzão assediador que caía em cima dos professores com uma lábia de que eles deveriam produzir o máximo que pudessem dentro de uma semana num esquema de pressão fodido e sempre rondando a ideia de que se não conseguisse poderia perder cotas de correção. Não importa se a macharada entrava e saía do comando independente de haver professoras mais competentes pra assumir cargos importantes. As professoras, principalmente, eram exploradas ao má-xi-mo por uma chefia que pagava, inclusive!, de defensor das minorias, dos desvalidos, dos pobres coitados. A maioria das professoras com mestrado e doutorado e os chefes com superior incompleto pagando de celebridade intelectual esquerda, com um  olerit  que chegava quase a 30 mil pra assumir um cargo de assediador educacional. Ah, vão se foderem, né


 Assionara Souza





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